quarta-feira, 25 de maio de 2016

Quando o Caminho de Santiago não foi a Santiago. De Lisboa ao Porto - 2ª Etapa de algo que há de continuar



Santiago de Compostela [A caminho de -  Porto - Lóbios - Maio 2016



7 meses depois, e cumprindo à risca um  projecto ambiciosos e meticuloso, voltámos para o Caminho, para continuar este intento de ligar Lisboa a Santiago de Compostela. E claro...as minhas pequenas deixaram-me ir.

Por acordo (entre os elementos principais deste grupo) neste ano de 2016 estamos (e continuaremos) a organizar a viagem de forma diferente, apenas em fins de semana, para que não sejam afectadas as férias em família. E, diga-se, porque assim também foi mais fácil chegar a consenso nas datas, resolvendo também aquela incerteza dos feriados "roubados" serem ou não repostos.

Partimos então para esta 2ª etapa com a certeza que brevemente temos a 3ª (já agendada há algum tempo).

As pré-marcações diziam-nos que o n.º  de participante ia aumentar para 10 (que será o n.º máximo recomendável neste tipo de aventura).


Com a aproximação da data de partida, por motivos vários e de força maior, o n.º de elementos baixou para 8.

E lá chegou o dia 20 de maio, ou melhor, a fatídica tarde de 20 de maio. A desistência, forçada, do Tiago "Dona Maria" Brochado. Picado pela asiática...

Uma falha irrecuperável, muito muito sentida por todos, pois, desta vez, íamos andar nos terrenos que ele gosta: as estradas romanas. E, sem o Tiago, lá ficámos sem saber onde é que Dª. Maria tinha metido "a colher", na sua guerra com os traçados romanos.

As melhoras ao Tiago, parece que isso da asiática passa.

Ficaram então convocados: eu, o Vasco, o Leandro, o Costinha, o João Cruz, o Tone e o Quim.


Dia 1 - 21 de Maio

A logística estava no terreno desde as 5h da matina, com o dia a apresentar-se "cinzentão" e fresco.



Às 06h00 chegaram a Forjães:

1 - O Henrique, cuja ajuda foi inestimável e preciosa, quer na ida para o Porto quer, no último dia, na vinda para Forjães.


2 - O Telmo, que, tal como o Henrique, foi fundamental para que isto avançasse, sacrificando tempo pessoal no nosso transporte (ida e vinda);

3 - Os restantes elementos, à excepção do Leandro (a ser recolhido na passagem em Antas).

O Tiago, como vimos não podia ir mas não se escapou de um telefone a estas horas indecentes.


Em Antas apanhámos o Leandro.











Destino: o local onde terminou a 1ª etapa, a cidade Invicta, junto à Sé.

Descarga do material, mochilas e tal. Despedidas aos amigos Telmo e Rique.






A Equipa menos o João






E....sigaaaaaa!!!!! Braga, aí vamos nós.

Ahhhh dirão vocês. Foram fazer o caminho Santiago entre Porto e Braga.

Nada disso. A nossa versão implicava ir à Cidade Berço, passando por Santo Tirso. Há quem diga que há por lá um caminho de Santiago. Não encontrámos nada nos estudos que fizemos. Há um caminho que vai para Braga por Famalicão e Trofa (passa na fronteira Trofa-Santo Tirso). 

Agora caminho de Santiago desde o Porto até Guimarães não descobrimos. Vai daí, fiéis à grande D. Maria, seguimos o que hoje em dia mais se aproximará com a Via VIMARANES.  

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A via medieval entre Porto e Guimarães conhecida por Via Vimaranes tem certamente origem romana, se não mesmo anterior, ligando a travessia do Douro junto a Cale à travessia do rio Ave próximo de Guimarães, ponto de passagem da via Braga-Mérida e que aqui teria uma estação viária tipo mutatio ou mesmo mansio. Partindo de Cale, a via cruzava os principais em duas pontes com origem romana, a Ponte de Alfena sobre o Leça e a Ponte de Negrelos sobre o rio Vizela, servindo ao longo seu percurso importantes castros romanizados, em particular o Castro do Monte Padrão/Monte Córdova e a Citânia de Sanfins.
"

Arrancamos da Sé do Porto procurando um cafézito para tomar o pequeno-almoço, no meio dos destroços do rally de Portugal e dos "noctívagos" que ainda andavam a pé a estas horas. Na Costa Cabral lá conseguimos parar e comer qualquer coisa.




Os 1ºs Kms desta via são...como que dizer...feios quanto baste. Percurso urbano, logicamente. Porto, Areosa, Alto da Maia, Alfena. 

O povo ia sereno, por parelelo e catrão. Em Alfena vimos a ponte romana e o largo adjacente. Arranjadito e tal, com um café e muitas bolas.



Só faltou mesmo o Tiago para explicar se a rua Real era mesmo da autoria da Maria ou de outra. 

À saída de Alfena, para desentorpecer as pernas, uma subidita a um monte soube pela vida. E de aquecimento para o Córdova, que estava perto.

A paisagem deixa então de ser tão urbana e o Córdova ainda tem algumas coisas interessantes. E subidas. E quando o caminho começa a parecer caminho de Santiago (Quinchães, ainda no Córdova) há quem estranhe logo!!! 

"De certeza que é por aqui????", "O caminho é mesmo por aqui?", "Não te enganaste?", "Isto tem saída?",  bla bla bla...que chagas pá!

Sim. De certeza que era por ali e digam lá se não valeu a pena!












Próxima paragem: Citânia de Sanfins. O sítio onde D.ª Maria teve, em tempos idos, uma casa de férias.

Passando pela nascente do rio Leça!



Já na Citânia ficámos Fresquinhos. Lá em cima não podíamos estar muito tempo. E a fome apertava. Por sorte, dizia a organização, havia um café "ali à frente"... Toca a descer de Sanfins para São Martinho do Campo, o que soube bem depois de 40Km "urbanos", mesmo para quem ainda está sem grande experiência.

Chegados ao café a boa disposição reinava, o dono do tasco é um homem dos BTTs e das bicicletas. Uma sande "à Vasco" e uma cerveja para repor cereais.



Estava-se bem mas o aumento do n.º de fotografias no cartaz da terra fez-nos querer fugir dali...e depressa. Antes que "alguém nos fumasse", como na estória castiça que o João Cruz nos contou.



Nota: Tiago...também aqui precisávamos de um guia com a tua experiência!!! Má sorte pá.

Guimarães estava perto, nem se sobe nem nada até lá chegar, e uma horita depois da sande andávamos nós à procura de sítio onde comer de faca e garfo.






Mas com problemas...a Celeste em novas instalações, a "eu até sou liberal" a mandar-nos para um tasco meio chic, a solução veio de vimaranese. Um tasco manhoso e, como nós gostámos, barato.





Novo Gold Nutrion: Fast Recoveryurça


Lá se almoçou alguma coisa, embora tristes, principalmente o Tone, porque a sopa tinha acabado... 

Bem, por 4,5€ (sem esquecer que deviam ter descontado a sopa que não havia!), não nos podemos queixar muito.

Siga para Braga.

Era sabido, de vários relatos, que o Caminho de Guimarães para Braga é feito muito à custa da EN101.

Vai daí o track foi modificado até Caldas das Taipas. E eu acho que valeu bem a pena.










Nas Caldas entramos no Caminho com as setas amarelas e tudo correu bem até Entre-as-Águas. É que daqui até à estrada da Falperra vai-se mais depressa com a burra à mão do que em cima dela...(viram o tone? que cabrita. Valha-me nossa senhora). São rampas com pedra? São Tiago. Pouca treta e oupa.

A custo lá chegámos à zona do Hotel da Falperra onde recuperámos forças antes de arrancar. 











E como o que sobe desce....iuuuuupiiiiiiiiiiiiiiii. Até ao café de Santiago (paramos por causa do nome dele e da sede) ninguém nos parou.



Reequilibrado o nível dos líquidos, com mais calma se não fosse o furo do Costinha, fomos para a Bracara Augusta. Com paragem no Largo de San Tiago e na Sé!



É a protecção do quadro? É um guarda-lamas? Não...é isso tudo e ainda  por cima uns chinelos!

















Estava feita a primeira jornada, toca a ir para o hostel, onde, chegados, presenciámos o início da chuva. Foi mesmo a tempo.
Balanço do dia:



Altimetria: 1900m subida acumulada

Nota para os mais distraídos: viram as fotografias do Leandro a rir ao chegar o fim do dia? Houve treinos às escondidas....

O Hostel era simpático, a dona uma castiça e, depois de acondicionadas as máquinas e de decididos os quartos, chegou a hora do merecido banho. Isto depois de alguns elementos terem ido ao carro de apoio buscar a mochila...mordomias :)










#fod@-se...a rir de novo...






Briefing









Banho e roupa lavada. Faltava o tacho. E em Braga já se sabia onde íamos: Taberna Belga (ainda bem que fomos cedo...).





2º Briefing


Jantados fomos até ao centro de Braga beber uma bejeca. Alguns fugiram logo a seguir e os mais resistentes ainda ficaram para mais um passeio e mais umas bejecas. E, anormalmente cedo (graças à chuva, ao estar perto de casa e ao deserto que eram as ruas de Braga por aquela hora), cedinho estávamos no hostel.

E, sem o Tiago, a guerra química foi mais fraquita... :(


Dia 2 - 22 de Maio

Não foi às 6h da manhã (ai ai ai Vasco...) mas antes das 08h já estávamos prontos para o grande dia que aí vinha, com pequeno-almoço tomado e tudo. Incluíndo o pão da "amiga" da dona do tasco que é muito religiosa e ajudou os peregrinos... Valeu dona "Tira isso do queixo".

Bem, estávamos mais ou menos recuperados. E, pelo menos, o sol já espreitava um bocadito (mesmo que estivesse ainda bem fresquinho). 







E de Braga o Caminho de Santiago vai para Ponte de Lima, não é?

É. Mas não o nosso!  

O nosso foi para Amares (depois de um cafézinho na Toca do Barão).





E depois foi para o monte...!!!! :) :) :) 

Finalmente pedra para partir.







E depois ... em Santa Cruz...GEIRA!

O que é a Geira?

A Geira é a Via Romana XVIII do Itinerário Antonino, também designada por Via Nova.

Construída provavelmente no último terço do século I D.C., liga(va) Braga a Astorga, numa extensão total de cerca de 215 milhas, ou seja, cerca de 318Km. Com fins militares, melhorando a ligação de Braga a Astorga (era por Chaves), esta estrada atravessou o noroeste montanhoso da Península Ibérica (Peneda-Gerês), com um traçado muito bem estruturado. 

Em terras de Terras de Bouro a Geira está bem assinalada através dos marcos miliários.


O primeiro, da Milha XIV, aparece precisamente em Santa Cruz. O último haveria de aparecer já na Portela do Homem, sendo essa a milha XXXIV.



a mítica Milha XIV













Em S. Simão, por volta das 10h30 da matina, apareceu-nos no caminho isto...








Estamos a ficar peritos em cerveja a horas proibidas...





E, tal como os romanos (e posteriormente a D.ª Maria) fizeram, também nós tivemos que nos reabastecer...eram 10h30 só que ainda faltava muito Km e a pedra ia fazendo estragos.

Como a que nos esperava à frente.








G3? Não. 3º Quadro!




Até chegar perto de Covide e já bem depois de alguns quilómetros fantásticos, com vistas fenomenais sobre Caldelas, Terras de Bouro e arredores.

Onde descobrimos...






olha que as lentes chineses até tem style













Palavras para quê...TOP. Tudo 5 estrelas, atendimento impecável, simpatia do pessoal, paisagem fabulosa. E com SOPA para o Tone! E um vinho romano chamado Recoverus Tintus. (Leandro aprende!)

Bem dita a hora que decidimos parar ali. É que depois de arrancar vieram logo umas simpáticas paredes desde a saída de Covide até ao Campo do Gerês.

Onde está a milha XXVIII, abrigadinha.








Do Campo do Gerês a Geira seguia para as margens do rio Homem e para a Mata de Albergaria (Reserva Biogenética do Continente Europeu). E Zona de Protecção Parcial da Área de Ambiente Natural. E onde, curiosamente, os carros mais nos incomodaram...para quando a proibição TOTAL da circulação automóvel naquela área????

                                 









Chegados à Ponte de S. Miguel:










E depois desta o cenário muda de figura...


Carrega!

E, "at last", a Portela!







Esta é de clicar em cima dela...por isso clica lá

A partir daqui é sempre a descer. E que descer...até Os Baños, que acabou por ser o fim da nossa etapa por questões logísticas.








Resumo do dia















Os únicos 3 que levam a medalha SANTIAGO É A CARREGAR MOCHILA!!!
#E o Leandro ainda chega a rir!!!?!!!??!!!!?






Quente? Não...só está a 40º!






Depois do banho fomos ao encerramento oficial da jornada, em Lóbios. E o Leandro sabia de um tasco onde a cerveja era barata...ai ai ai ai ai...

Apanhámos-te bandida. Só no último dia mas conseguimos!




E pronto. Lanchados, cansados/com sono e felizes, rumámos à origem. 



Finito :( 

Foi assim que ligámos Porto a Lobios. 2 dias porreiros. com um grupo porreiro. Lamentando o Tiago ter falhado estamos confiantes que a asiática vai deixar de incomodar, contando com ele já prá próxima etapa, a arrancar connosco desde Os baños. E com a mil nueve logo ali em Lóbiosssssssssssss. Cheira-me que vai haver esturro e vão ser batidos recordes!

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