3ª Etapa - A conclusão da ligação Lisboa-Santiago de Compostela - 27/28 de Agosto de 2016
Santiago de Compostela [A ÚLTIMA ETAPA]
Lóbios - Santiago - Agosto 2016
Prólogo
Recordando o último relato:
"Foi assim que ligámos Porto a Lóbios. 2 dias porreiros. com um grupo porreiro. Lamentando o Tiago ter falhado estamos confiantes que a asiática vai deixar de incomodar, contando com ele já prá próxima etapa, a arrancar connosco desde Os baños. E com a mil nueve logo ali em Lóbiosssssssssssss. Cheira-me que vai haver esturro e vão ser batidos recordes!"
A equipa mudou de novo, mas pouco. O núcleo duro lá estava, não houve caloiros desta vez (lá tivémos que pagar a cerveja do nosso bolso...), e temos já sérios candidatos a conquistar a camisola Team Canoas. O Costinha já é um caso sério de presenças, o Quim carimbou o segundo evento consecutivo e as saudades e a promessa de um simples "passeio" convenceram o Araújo a voltar a pedalar connosco, 2 anos depois!
Para a partida iam estar então: eu, o Vasco, o Tiago (asiática free), o Leandro (mesmo que em complicada fase de estudo de moradias/mudança de casa), o Costinha, o Quim e o Araújo (o pistolas).
Grande team, a coisa prometia.
Dia 1
Dia 1
Arrancámos a toda a força: às 05h00, como combinado, estava eu fora da escola de Forjães, com as minhas cadelas, à espera dos outros elementos e, sobretudo, do transporte.
Às 05h20, animados, lá continuávamos os três, à espera (embora as cadelas já estivessem um bocado impacientes). Mas o Tiago já estava mesmo ali a bater, depois de eu lhe ter ligado. E o Costinha também "vinha a caminho".
A mensagem do Leandro, que recebi entretanto, dava para perceber que ele também queria era pedalar e, por isso, esperava ansiosamente por nós:
"Bom dia B... Estou ao relento e com frio, acorda esses gajos."
e depois da minha resposta: "Estás como eu. Já os acordei"
Chegou a confirmação:
"Birgue. E eu a querer a minha cama"
Às 05h25 já éramos 4. O Tiago, cheio de força, lá chegou e lembrou-se de ligar ao nosso transportador. O homem estava cheio de ânimo e...na cama. "Um bocado atrasado".
Às 05h40 já éramos 5, o Costinha tinha chegado.
Às 05h47 já éramos 6, o Arnaldo (e a pick-up) tinha chegado.
As cadelitas já tinham desistido de vir, ficámos só 4.
Burras carregadas, vira para S. Paio, carrega a princesa (5) e siga....eram 06h00 e tínhamos que ir ter com o resto da equipa. Que também cheia de motivação tinha ido tomar o pequeno almoço. Afinal nós só estávamos 45min atrasados...
Encontro em Arcozelo (Vasco, Quim, Pistolas e reencontro com o Tone) (portanto passámos para 9), siga.
07h26 - Já na Drop Zone. Bem no meio de uma festa à romana mesmo ali nas termas de Os Baños.
O Tone lá fez a sua primeira fotografia com telemóvel, tirou a foto de grupo, pegou no carro do Vasco e regressou à base. O Arnaldo também. Ficámos 7! Os valentes. Os duros. Os malucos. E, desta vez, todos com mochila às costas!
A festa romana...ou melhor...parte dela!
GPS Prontos? Tudo pronto? Partida. Eram 07h30.
Às 08h10 já estávamos em Lóbios, mais concretamente, no Cubano!!!!
Lá está...eu bem dizia...às 08h00 da matina já entrava em acção a 906. Todos os recordes caíram por terra. 6Km e 40 minutos depois da partida tínhamos logo uma pit-stop. E até o Leandro bebeu, imagine-se!
Pá, entendo os críticos..."ai e tal, a beber 906 logo no começo. Deveis ter andado muito deveis..."
Amigos, nós sabíamos o que vinha a seguir. E digo-vos, uma 906 até é muito pouco.
Que o diga o castiço que quando nos viu perguntou para onde íamos. Ele e mais dois queriam "ir para o monte", com as suas gingas de BTT. Só que, infelizmente, a bateria da BTT elétrica que ele tinha não chegava até Ourense...mas eu fiquei com a impressão que o homem ainda esteve tentado. É cada cromo que sai na rifa, valha-me JC.
Lóbios e o 1º reforço ficaram para trás, o próximo ponto de interesse era Porto-Quintela. E às 09h30 lá estávamos, observando o acampamento militar Aquis Querquennis. Lindo. E com as Termas (onde os Romanos faziam festas como as de Os Baños) mesmo ali ao lado. Pena ser tão cedo e o calor ainda não apertar àquela hora. Senão...
Bem, adiante.
Já chega de tretas...agora a coisa ia melhorar. Dos 500m para os 890m eram a missão para os seguintes 15Km.
E lá fomos, fortes, a bom ritmo ou ao ritmo que cada um podia. Pelo belíssimo Camino Natural del Interior San Rosendo.
Em Vilela abastecemos água. O calor apertava e a água desaparecia (pois é...as cervejas no inicio são só para enganar. Enquanto pedalamos até a água das valetas vai, se fizer falta. Litros e litros dela).
Leandro Quintaio (55Kg)
Love is starting
Leandro Quintaio...nem dá tempo para tirar foto
Entrámos em zonas de bosques fabulosas, passámos por "uma igreja galega" (igrexa de Santiago) e em Recarei reabastecemos água. Eram 11h, o Pistolas ansiava pelas subidas que ainda faltavam, a água desaparecia e o calor aumentava. Tascos? Nem vê-los. Aliás..gente? Nem vê-la.
Continuámos a trepar, Bande surgia ao fundo do vale que estava ao nosso lado direito. Ultrapassávamos a barreira dos 800m, por isso, cedo começaríamos a descer. Pensavam alguns...
Depois de passar ao lado de Sarreus, a uma cota de 880m (+/-), o povo já estava um bocado cansado. Todos, menos o Leandro.
Nesta fase já dava para ver, pelas subidas que fez, que o Leandro desta vez tinha tido licença para entregar muitos baldes de tinta de bicicleta. Era vê-lo a subir, a topo e a fundo (nas mudanças). Claro que depois tinha que esperar pelos outros mas enquanto dava ao pedal...vai lá vai.
Diz (ele) que ultimamente ia na fina, de noite a Esposende e vinha. Tá bem abelha. Latas de tinta, é o que é.
O que o Leandro tinha a mais o Araújo Two Guns tinha a menos. Afinal tinha sido combinado para um "passeio". Imagino o Vasco a dizer-lhe "Óh pá, aquilo não é duro caralho. É um passeio foda-se. Vens ou não vens?". E ele veio...
Calma Araújo. Tás a ver aqui o GPS? Tamos nos 800 metros. Vamos para a cota do rio Minho. É sempre a descer. Daqui prá frente é sempre a descer.
Nota: estes gajos tem que estudar melhor os tracks. Para a próxima o Vasco diz que vai fazer um road book pró canoas team.
Se o pistolas tivesse sequer visto o perfil do dia 1 ia saber que depois dos 36/38Km o perfil começa a descer. Basta vê-lo de longe (na globalidade dos 80Km totais). É claro como a água! Já visto com mais pormenor é que já se parece mais a um perfil de serrote...o rompe pernas!
Retomando: depois de Sarreaus os trilhos, para variar, continuaram lindos. A descer, algumas vezes só para quem vinha de frente, lá fomos pela zona da Ermida de Santa Eulália, lá descemos mais um pedaço e alcançámos o sítio onde tinha previsto almoçarmos: Celanova. Eram 12h30 e feitos estavam 45Km.
Seriam aí umas 14h30 quando zarpámos. Um bocado tortitos mas lá fomos.
O Tiago até tinha pesquisado na net a vida e obra de D. Maria por terras de Celanova. Para nos "instruir", claro.
Celanova gira em torno do Mosteiro. Beneditino, fundado por São Rosendo (daí a designação de caminho natural do interior São Rosendo) em meados do século IX. É uma espécie de Arouca, com uma praça engraçada, alguns tascos e um pequeno povoado em volta.
A praça junto ao Mosteiro estava apelativa, dava para aproveitar as sombras das esplanadas para almoçar. E como o tasco que nos tinham indicado, fora da praça, não ajudou nas questões logísticas, resolvemos acampar numa pizzaria (Pizzeria Sicilia, propriedade de um siciliano casado com uma galega).
A comida até que não tinha perigo mas o alvarinho português que a empregada portuguesa de Gaia garantia ser de ótima qualidade afinal era albarinho. Ou seja, zurrapa para dar às cabras e vê-las saltarem (como diz o Tiago). Por sorte tinham a 906, embora a preços sicilianos...
Até que não se estava mal mas fazia-se tarde e ainda faltava muita coisa. Principalmente descidas. Das "Tá boa", mas não tão tá boa como as da manhã.
A praça junto ao Mosteiro estava apelativa, dava para aproveitar as sombras das esplanadas para almoçar. E como o tasco que nos tinham indicado, fora da praça, não ajudou nas questões logísticas, resolvemos acampar numa pizzaria (Pizzeria Sicilia, propriedade de um siciliano casado com uma galega).
A comida até que não tinha perigo mas o alvarinho português que a empregada portuguesa de Gaia garantia ser de ótima qualidade afinal era albarinho. Ou seja, zurrapa para dar às cabras e vê-las saltarem (como diz o Tiago). Por sorte tinham a 906, embora a preços sicilianos...
Até que não se estava mal mas fazia-se tarde e ainda faltava muita coisa. Principalmente descidas. Das "Tá boa", mas não tão tá boa como as da manhã.
Seriam aí umas 14h30 quando zarpámos. Um bocado tortitos mas lá fomos.
Na zona de A Lampaza o Vasco partiu a corrente, o que não foi grande atraso. O Costinha, por antecipada solidariedade, tinha-se atirado para o chão. E eu vi uma cobra a saltar (provavelmente ela também tinha bebido o albarinho da portuguesa de Gaia que passa férias em Caminha ou Âncora ou lá onde era).
O calor apertava ainda mais e a sesta espanhola obrigou-nos a "roubar" água. Muita água. Como vêem não bebemos só 906, há que compensar o chumbo e a desidratação provocada naquelas descidas loucas. E deve ter sido nestas loucuras que o Rambo despachou uma havaiana reggae, que os outros não viram cair (só o Leandro na liderança do pelotão estava desculpado).
Às 17h30 estávamos muito muito perto do centro Ourense e a sede não dava descanso. Vai daí...
Depois desta pausa o indicador do Araújo dizia que a autonomia dele era de 2Km. Por isso toca a ir procurar o hotel, deixar as malas, pegar nas burras e ir ao Moinho lavar os calções e recuperar as pernas.
No percurso até ao hotel fiquei parvo com a extensão de ciclovia que a cidade tem, em ambas as margens do Barbaña, bem como jardins e parques infantis. Sim senhor...qualidade de vida.
O balanço do dia era de: 85Km e 1700m de acumulado positivo.
Arrumadas as trouxas toca a ir para "o Moinho", nas margens do rio Minho, depois de passada a ponte velha, a sensivelmente 5Km do hotel. E grátis. E a 5km...
Foi porreiro, relaxa o corpo, mas não me vejo a passar mais que uma horita numa sítio daqueles, mesmo com as gajas boas que por lá andavam, como pareciam estar a fazer os ourenses que estavam espalhados pelos jardins ao longo da margem termal e por ali iam confraternizando ou bronzeando.
Calções lavados, regressamos ao hotel após uma breve passagem por um centro comercial para o Vasco comprar calçado (crocs, azuis, claro).
Instalados, banho tomado e roupa a secar.
Bora lá é comer qualquer coisa, seguindo uma dica do dono do hotel Altiana.
Coto do Ramo 2. A cozinheira à porta convenceu-nos a jantar lá porque, modéstia à parte, era bom. Mas não muitooo barato. Era barato mas não muito barato. Ok.
Muito bom na carne, médio no vinho e preço razoável. Um casal vizinho não partilhava a nossa opinião, não deve ter gostado do preço ou do nosso barulho, (não sabemos) e foi-se embora.
Depois de jantar fomos até à zona da Igreja de Santa Eufémia, por sugestão da cozinheira que ia para lá com uma amiga. Bem...é outro mundo. Gente, gente, gente. Avós, filhos e bébés. Gays ao chuto. Gajas boas aos magotes e em bando, velhas e novas. Impressionante, recomenda-se.
Toca a hidratar, em conta de 6, porque o Leandro só queria era ir prá cama. Claro que graças à psicologia invertida do pistolas o nosso elemento mais disciplinado acabou por ficar à nossa beira. Fogesse...
#somostodosleandro
O Leandro lá nos aturou, meio vivo meio morto.
Mais cedo do que queríamos (e mais tarde do que o Leandro queria) estávamos a entrar no hotel. É que, para azar do Araújo e sorte nossa, o domingo ia ser um dia daqueles...
Entretanto no hotel o Araújo pistolas e o Tiago reviveram o romance surgido em 2014.
http://noasfalto.blogspot.pt/2014_06_15_archive.html
Pequeno almoço - que estava incluído no preço mas afinal não estava - tomado, eram umas 08h00 quando nos encaminhámos para a saída de ourense.
Aqui não havia tracks inventados, o caminho era...o caminho! Siga a seta.
O povo até que estava animado, curiosos por ver que raio de subida é que eu e o Vasco dizíamos que tinha logo ali ao sair da cidade.
E, meio desconfiados, lá chegaram à verdadeira...
Primeiro devagarinho, onde umas simpáticas caminhantes, já de alguma idade, diziam à nossa passagem: "Força, são só 2Km!"
O grupo partiu-se, o Leandro tomou a dianteira (♪ ♫queimando, queimando, queimando, ♪ ♫ eu tô queimando), rambo no encalço, Quim poderoso com o seu muito útil prato do meio. Eu, o Costinha, o Tiago e o Araújo começamos a ritmos mais calmos.
Esta subida é engraçada. São, de facto, cerca de 2000m a doer, com uma inclinação média de 14,5%. E no google não parecia pá...embora lá diga que vai dos 120 ou 130m aos 400m naqueles 2Km.
Tá boa, ouvia o Araújo ao longe, antes das curvas que lhe iam aparecendo pelo caminho. Mas ele ia focado e concentradíssimo a fugir...às velhas que vinham a persegui-lo pé! Disse-nos depois que acha que chegou a tocar nos 6Km/h, mas um gajo qualquer lá à frente a gritar "tá boa" o desconcentrava.
Também não é assimmmmm uma subida do outro mundo. Faz-se. Para se ir mais depressa...recomenda-se entregas de latas de tinta com o Leandro.
Aos poucos a equipa ia-se reunindo no alto da La Costinha de Ourense. Nós tínhamos o Costinha de Forjães :P
Entretanto uma banda de músicos passou, em cima de um camião. Castiços os velhotes...e quando já tinham dado uma volta à freguesia toda passaram no mesmo local no preciso momento em que o Araújo estava a chegar ao topo. Ah ah ah ah. E as velhas na roda dele. Ah ah ah. Velhas malucas.
Entretanto uma banda de músicos passou, em cima de um camião. Castiços os velhotes...e quando já tinham dado uma volta à freguesia toda passaram no mesmo local no preciso momento em que o Araújo estava a chegar ao topo. Ah ah ah ah. E as velhas na roda dele. Ah ah ah. Velhas malucas.
Acho que ele queria matar o gajo do "é só um passeio".
Sei que com esta brincadeira de arrancar logo assim até fiquei mal disposto do estômago. E o Costinha também. E o Tiago com vontade de aliviar alguma da carga.
Na fonte que lá está enchemos a 3ª garrafa de água do dia (as outras bebemos lá enquanto o Araújo nos permitiu essa liberdade) e seguimos. Finalmente, a descer.
Alguma pedra, trilhos de floresta/bosque e aos 16.90Km precisávamos, urgentemente, de hidratar. E foi no café-bar "O Campo". Onde tinha uma deliciosa empanada de mosca em cima do balcão...valha-me JC (de novo). Eram 10h15...ou seja, 2 horas traduziam-se em 17Km? Tá bonito...e era para continuar...a descer! A placa da estrada que dizia Santiago 79Km também não estava a ajudar nadinha.
Siga: CEA estava mesmo à nossa frente, tranquila. Devia ser por causa da missa de domingo.
E em Piñor, um aldeiazita tranquila, a canalha pequena decidiu divertir-se...no tanque da água. Era para refrescar os músculos, que já iam algo aleijadinhos (e ainda só estávamos nos 550m de altitude).
Ali mesmo em Dozón perguntámos onde havia um tasco para comer e, seguindo a indicação, estacionámos em Santo Domingo, na Parrillada Alonso.
Conselho: se algum dia andarem por ali, onde o diabo perdeu as botas, FUJAM deste sítio. Sigam a N525, andem nelas uns 5 ou 6Km e almocem para os lados de Lalín. Ai se eu soubesse naquele dia o que sei hoje...
A Parrilada Alonso devia chamar-se Parrillada Palonço. Cá puto de antro.
Nós entrámos e ficámos na marquise exterior. Logo para sentar foi um filme, com a gaja a mandar sentar não onde queríamos mas onde ela queria. Esta marquise, como disse lá, fazia lembrar-me a casa da minha avó: cortinas assim a fugir ao rosa transparente, plantas em vasos no chão, nas mesas, vasos antigos. Apenas faltava ali o chão de madeira.
Depois de instalados começou a praga: das moscas!! Fogesse...
Nós já não estávamos muito católicos (o cansaço é fodido, como falámos lá entre nós. É preciso ter presença de espírito e controlar o factor psicológico, que mal vê um gajo cansado e com sono, ataca). Felizmente constatámos e discutimos isso a tempo de "mudar a agulheta". Só que as putas das moscas vinham por todos os lados...o Tiago até se divertia a matá-las com uma faca mas eu, quando a gaja perguntou o que queria, disse que queria mata-moscas...
O vinho da casa veio prá mesa, o pão também. A matança da mosca espanhola ia acontecendo.
Merda...o vinho é verde, apesar de o Tiago ter as suas dúvidas????. Um falhanço histórico do Tiago, perdoado porque as crónicas da D. Maria não falam do vinho daquele tasco. E que ele invente sobre a D. Maria e os romanos ainda vá que não vá...não há no grupo mais ninguém que saiba factos históricos para contrapor. Agora no vinho ele sabe que há lá gente entendida e que, só pelas marcas do vinho na caneca dava para ver que era verde. Há, contudo, que reconhecer que o vinho não tinha perigo.
Quando a matança da mosca somava mais de 20 vítimas (que exagerado que eu sou), só à conta do Tiago, veio a comida prá mesa. E, só nesse momento, caiu-me a ficha. Churrasco, na galiza, é de carnes de porco e não frango. Bah...merda...erro crasso. Nada a fazer, come e cala. Avaliação: nem bom nem mau, come-se (caso de extrema necessidade).
A pedido trouxeram mais umas carnes porque a fome desculpa tudo. Avaliação: entulho.
Para sobremesa veio um moscoton, mistura de mosca e melocoton.
O problema maior foi quando iniciámos as movimentações normais destas paragens....WC, encher água, pagar. Bem, foi aí que vi a "espelunqueria" onde estávamos...meu deus...dava para ver a cozinha...e a casa estava cheia, com gente a chegar e gente à espera.
Ou estes gajos estavam ali enganados como nós, o que não me parecia, ou então, o que já me parecia, gostam de comer entulho. Visto que em Espanha é raro encontrar sítios onde se coma bem, estou mesmo inclinado para a 2ª hipótese.
Rapidamente nos pusemos a monte, aí pelas 13h45, pondo em prática o plano de emergência que, em grupo, tínhamos decidido activar:
Para estar em Santiago a horas decentes, dentro do horário definido e respeitando o esforço de quem nos ia lá buscar, só havia um remédio...completar os 60Km em falta pela N525, em pelotão e a ajudar os motores queimados.
Arrancámos. Ao início algo descoordenados, uns para a frente e outros mais para trás, e depois de algumas afinações na estratégia do pelotão, a máquina começou a rolar certinha.
Os Km`s iam acumulando no conta-voltinhas, a grande velocidade porque a maior parte do traçado é a descer (não te tinha dito Pistolas?), e a média geral ia subindo. E cruzando várias vezes com o caminho, que nesta zona vai serpenteando junto a esta estrada nacional.
Ao fim de uma horita parámos para hidratar, uns com cereais 906, outros com cola...nada de especial...não fosse ver o Rambo a beber coca-cola!!! O entulho a fazer estragos!!! (tal como parecia querer estar a fazer ao Leandro...hum...).
What????
Sim...é verdade...menos mas houve uns reportezitos...
Mais uns Km´s de catrão, mais duas paragem...uma em pleno catrão que mais parecia um acidente. Olhai bem para as caras deles...
E outra num tasco de beira de estrada, para uns reporem cereais e outros comerem um gelado (?)
E à hora estimada lá estávamos em Santiago de Compostela. Se não tivéssemos atalhado chegaríamos umas 2h atrasados. O que não ia ser bom para quem estava lá à nossa espera...
E depois da chegada vem as selfies e tal. E com eles já com outra cara.
Fotografados fomos ao banho. As coisas em Santiago estão diferentes, mudaram o gabinete de apoio ao peregrino e, assim, mudaram as nossas "termas". O banho foi checo e o Araújo Two Guns tratou de mostrar como se faz.
A mudança do gabinete obrigou ainda a uma nova aquisição logística...uma corrente e cadeado! Isto para parar as burras (ainda nervosas da viagem) enquanto iamos comer qualquer coisa.
Sim...comer qualquer coisa porque, mesmo às 19h, o entulho ainda fazia estragos no Rambo e em mais alguns elementos. E assim o jantar não foi o jantar do costume, apesar de ser no sítio do costume. E com xiripiti e tudo.
Depois deste lanchezito era chegada a hora de carregar as trouxas pró camião (sim, alguns vieram de camião, a carrinha do Tone de carregar vidros, onde as burras vieram muito bem instaladas por sinal).
E assim às 23h estávamos em casa. E estava ligada pela Canoas a cidade de Lisboa a Santiago de Compostela, por caminhos de Santiago e não só. Foram 3 etapas porreiras, sempre com gente fixe e com quem é sempre bom partir para umas brincadeiras destas.
Embora, no futuro mais próximo, Santiago esteja relegado para 3º ou 4º plano, já temos umas ideias porreiras para "pôr a malta a mexer".
Um agradecimento especial à minha família (obrigado piquenas), que vai tendo "paciência" para aturar estas merdas minhas.
Até lá.