sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Santiago de Compostela - O Baptismo do Caloiro - Outubro de 2012

A Rio Neiva BTT tinha previsto no calendário de 2012 uma excursão a Santiago.

À última da hora os candidatos não eram muitos, por motivos vários e compreensíveis. Contudo, também não desistimos por pouco e, alguns dias antes, decidimos que era de se ir na mesma. Três aventureiros, sendo que dois deles (eu e o vasco) estariamos assim encarregues do batismo do Leandro no Caminho! E que ricos padrinhos o moço foi arranjar...
  
Baptismo de peregrinação que é baptismo implica uma mochila. Vai daí nada de assistência ou qualquer outra ajuda. A ida contemplava carregar uns quilos valentes às costas, tudo planeado pelo Vasco que rapidamente delineou um programa prá viagem.
 
Santiago e três dias (5, 6 e 7 de Outubro) eram a única certeza que tinhamos. Também sabiamos que havia, em princípio, boleia para casa. Ou de combóio ou de carro.
 
De resto...o que estava acertado era partir de S. Pedro de Rates e ir pedalando.
 
Assim foi. No dia 5 bem cedinho o Rui já estava à minha porta e já trazia na mala o Leandro. Fomos buscar o Vasco e o Ricardo a casa e siga para Rates.
(Afinal eram dois baptismos no Caminho. O do Leandro e o da 29`r do Ricardo)
 
 A viagem até lá foi pacífica e deu para conhecer caminhos novos, já que o Rui conhecia uns atalhos...
 
Chegados a Rates a surpresa (?) era o número de gente que por ali pairava. A pé, de bicicleta. Animadito.
 
Preparar as trouxas, um cafézito e um bolito, a despedida ao Rui e siga a marinha.

(Foto também queria ir)


 
08h30.
 
Foto da praxe

 
 
Umas últimas considerações finais sobre o novo selim do Vasco (SMP AZUL), e, antes de arrancar, a tirada do dia, do mês e quem sabe do ano:
 
"Tu tens pinta da grama"

Grande malha Ricardo.


 

E lá fomos em direcção a Barcelos, seguindo as setas. Embora, nesta zona, todos já saibam o Caminho de cor e salteado. Até o caloiro já tá farto de lá andar.

Chegados a Barcelos já tinhamos mais uma guardada prá história.

O "Divani & Divani"do Ricardo.

Entretanto, na terra do Galo:

 
 
 
 
 
 
Esta paragem serviu para comer qualquer coisita, apanhar um bocadinho de sol, admirar o Sr. da Cruz e ganhar forças para o longo dia que ainda tinhamos pela frente.
 
De Barcelos o próximo destina era Ponte de Lima, onde, infelizmente, íamos deixar o Ricardo (daí ele não aparecer nas fotos de mochila às costas!!!).
 
Para além disso era altura de decidir se queriamos ir pelo Caminho da Costa ou pelo velhinho.
 
Enquanto lá não chegávamos ficou no registo o vinólogo do Vasco e o meu tralho (e o Ricardo a dizer qualquer coisa como que eu era louco por andar a descer atrás dele, com uma mochila nas costas e outra na burra. É verdade que a da burra desiquilibra a piquena, mas é uma questão de lhe apanhar o jeito. Só que antes de lhe apanhar o jeito fui ver como estava o chão).
 
E uma ou duas fotos:
   
Na ponte das Tábuas, onde encontrámos os Xpar e a Bikeseven Esposende
 
 
Na Facha
 
Às 12h20 (+/-) lá chegámos a Ponte de Lima. Cerca de 50Km feitos e com fominha.
 
A Graça fez-nos companhia ao almoço e uma pizza veio mesmo a calhar!
Entretanto também o Rui já tinha ido a casa buscar a bicicleta e veio ao nosso encontro.
 
 
 


Às 13h30 arrancámos, sem o Ricardo mas com a companhia do Rui. A dar apoio psicólógico para a "caminhada" que nos esperava em Labruja.


 
  
 
  
 
 
E lá fomos andando, dentro do possível...ou seja, com a bicicleta às costas.Passando a Cruz dos Franceses...


 
...e continuando a "escalada" até ao Alto da Portela.
 
Lá encontrámos um amigo, que nos deu motivos para umas valentes gargalhadas.
Ora então este amigo estava no Alto, na sua moto. Quando nos viu lá meteu conversa. Ficámos então a saber que "Eu, dantes, era o maior no BTT. De Braga a Santiago??? 2 Dias. Várias Vezes. Agora engordei 30 quilos..."
 
Não arranjarimaos melhor para animar o espírito e preparar a descida.
 
Salvo um outro amigo e mais uma frase pró diário...
  
"O Caminho aí à frente está uma merda. Puta que pariu. Ainda na semana passada um partiu aí o selim. Mas também era gordo...ainda lhe pusémos uns arames na bicicleta!". Next!
  
Descida valente, em direcção a Rubiães, até à ponte Romano-Medieval de Rubiães (Via XIX).
 
 
 
 
 
 
 
Após esta ligeira paragem dirigimo-nos para S. Bento da Porta Aberta, em Paredes de Coura, e daí para Valença.
 
Queriamos era entrar em Espanha o mais rápido possível, uma vez que tencionávamos ficar em Porrino.
 
E passar fronteira sabe sempre bem!!
 
 
 
Até o caloiro pedalava mais rápido!
 
 
 
E, finalmente, estávamos em Espanha! Longe da Troika e companhia :)
 
 

O Caminho passa no centro de Tui, onde a minha mochila Pizz Buin foi à vida! Tadita...mas arranja-se logo uma solução.
 
 
 
 
 
Tui tem animação q.b. e já apetecia era ficar por ali. Mas, com tanta gente no Caminho e com o albergue na zona da "movida" o melhor era continuar.
 
Ainda em Tui:
 
A Catedral
 
 
 
 
À saída de Tui, no rio Louro:
 
 
E junto à Ponte de San Telmo, Albelos
 
 
 
 
 
E lá fomos seguindo o Caminho até ao albergue de Porrino. Que, por estranho que possa parcer a alguns, fica ao lado de uma auto-estrada (A-55) e a 50m do centro da cidade!!!!
 
Chegados ao albergue e passada a preocupação inicial das vagas, lá preenchemos a papelada, carimbamos a compostela e fomos a correr arrumar as coisas. É que tinhamos que tomar banho e ir jantar, tudo até às 22h (espanholas). Ou seja, tinhamos 3 horas para tratar de tudo, inclusivé comprar os víveres para o pequeno almoço do dia seguinte. Áinda por cima o albergue estava à pinha, incluíndo um grupo de 22 ou 23 bttistas da zona de Barcelos.
 
Por isso o banho foi rapidinho (incluíndo a lavagem da roupa) e toca a marchar pra cidade. Comprar o pequeno almoço e toca a arranjar sítio para comer (e a fome já era negra, a esta hora).
Encontramos um italiano qualquer e siga, que o tempo não dava para grandes passeios. E não é que não era mau de todo o tasco? (Calle de Servando Ramilo)
 
Entradas: queijinho e vinho
 
 
 
 
O vinho, soubemos pelo Vasco, era galego! A primeira garrafa, pelo menos...
 
Nesta fase fiz o balanço do dia. Traduziu-se em:
 
109,51Km;
07h00 a rodar;
Vel. Máx 58,80
Média de 15,4Km/h
 
Findo o jantar, com sobremesa e brindes ao caloiro, encontramos aqueles que viriam a ser o nosso pesadelo. Os vinte e tal gajos também estavam no restaurante. Felizmente não na esplanada, como nós.
 
Voltamos ao albergue antes do fecho das portas (ufa...) e, para nossa surpresa, os vinte e tal ladrões tinham cerveja a rodos. Aliás...levaram um camião de apoio! A sala de estar do albergue foi fechada ao publico em geral e ainda ficamos com estes camaradas mais um bom bocado, a beber cerveja (gentilmente oferecida).
 
Uma noite muito mal dormida, com muita gente a ressonar e uma alvorada espalhafatosa desta tribo de vinte ladrões (às 6 da manhã!). Estes senhores não sabem comportar-se devidamente num albergue e até tiveram direito a um sermão à maneira. Eu começei e o rambo acabou. Tudo bem que a saída tinha que ser feita cedo (diziam lá os gerentes do tasco até às 08h, nossas 07h) mas num albergue há que respeitar os outros!
 
Contrariamente à maioria nós ficámos mesmo mesmo até à última. Até a senhora da limpeza não nos largava os calcanhares...."nha nha nha nha nha nha el albergue".
 
Sempre com esta ladaínha atrás de um gajo. Chiça lá prá mulher. Ela dava a entender que queria apanhar a jeito o caloiro... mas ele enfiou-se no wc das senhoras e enganou-a bem.
 
Por fim lá arrancámos (fugimos à mulher!), eram 08h20 espanholas.
 
Objectivos imediatos: Comprar tampões para os ouvidos!!
 
Após a saída do centro de Porrino passamos:
Santa Eulália de Mós (tem albergue), Chan das Pipas e Redondela.
 
 
Uma pequena paragem no centro de Redondela, para comprar uma mochila chinesa, tampões prós ouvidos e café! E siga a marinha, junto à ria de Vigo.
 
A caminho da Ponte Sampaio
 
 
 
Já em Pontevedra (Igreja da Peregrina)
 
 
 
 
Lá continuámos até Caldas de Reis (+/- 21Km)
 
 
 
Ver se a água continuava quentinha. Continua.
 
 
 
De Caldas de Reis a Padrón vem, para mim, a melhor parte do Caminho. Valga
 
 
 
 
 
 
 
 
Sei que almoçámos algures no Caminho mas onde passou-me ao lado...
Mas lá que era uma tasca à maneira era.
 
 
E sei que chegámos a Padrón já debaixo de chuva...toca a pegar em sacas de plástico e tapar as malas!!!!
E toca a dar gás...o destino era Teo e a chuva não ajudava lá muito. Padrón era impensável, porque, sabiamos, vinha aí a troupe toda atrás e por ali a coisa prometia uma noite não muito sossegada. E porque era muitoooo cedo ainda.
 
Contudo, passado um bocado (debaixo de chuva relativamente intensa) começamos a ver muitos peregrinos a pé, a partir de Angueira de Suso...sinal que ficar Teo, tendo poucos lugares no albergue, ia ser difícil.
Feitas umas contas rápidas decidimos ir para Santiago. Afinal estava perto e lá seria mais fácil arranjar dormida.
 
O que é certo é que com o mau tempo nem fotografias deu para tirar. Estava um bocado desagradável e aquela chuva molha tolos incomodava. Logo...se não páras...
 
16h20
 
 
A vantagem de chegar cedo é que deu para disfrutar bem de Santiago. Com calma fomos carimbar a Compostela, dar uma voltita e procurar o albergue que nos tinham indicado no gabinete de apoio ao peregrino.
 
O Albergue Seminário Menor. Grande malha. Imagino como será o maior...
 
 
 
 
Com um preço de pernoita variável consoante a linguagem que fales, este albergue oferece uma gama variada de alojamento. 10€ nas camaratas e, por 15€, podes até ficar num quarto privativo.
 
Logicamente queriamos o privativo, a pensar no conforto e tal. Mas logo à entrada havia qualquer coisa no ar que me fazia desconfiar daquele hotel...não sei se era o ar de velho lá do seminário se que raio era. Contudo não havia muito mais a fazer. Ainda pensámos ir para o centro da cidade mas a chuva fazia pensar 2x. Bem...à sorte e à morte lá reservámos os quartos individuais e depois de dois dias de luta iriamos ter o merecido descanso; e, finalmente, o caloiro poderia recuperar pois estava quase a desfalecer...
 
Quanto ao hotel: meus amigos...uma vez lá dentro ficas deveras impressionado. Logo na entrada disseram para levar as bicicletas às costas para a cave. Às costas???? Chiça...
 
Depois só tivémos que subir 142 degraus para ir para o piso 3. E lá chegados começamos a andar, andar, sempre no meio de camaratas sem fim e com camas que nunca mais acabavam. Já meios perdidos lá demos com os quartos privativos. E mais não eram que as celas/quartos dos antigos padres, suponho eu. Os estudantes ficariam nas camaratas e os padres deveriam ficar naqueles quartitos, imagino. Bem, sei que por piso a coisa rondava as 300camas.
 
A zona dos quartos
 


 
E as camaratas
 
 
 
 
Podem ver mais informações aqui:
 
 
 
Mas o que nós queríamos era mesmo um banho de água quente. Vai daí toca a fazer a cama, arrumar as trouxas e BANHO.
 
 
Hoje não havia horários, pressas nem nada. Por isso o banho foi até a pele ficar encrequilhada!
 
E depois...bota pró centro para ir jantar! 
 

Altura de fazer o balanço do dia:


105,69Km;
06h54 a rodar;
Vel. Máx 61,20
Média de 15,2Km/h

Jantar e dormir. Dormir descansadinhos era o que eu pensava...afinal a porta dos quartos privativos tinha mais frinchas que sei lá o quê e quando alguém andava pelo corredor acordava. Além de que se ouvia tudo de uns quartos para os outros. Aqueles padres eram tramados....sempre à coca.
 
Bem...novo dia, nada de chuva, céu nublado e uma manhã por nossa conta na cidade.
 
O despertar
 
 
 
 
 
 
O pequeno almoço
 
 
 
 
 
A contemplação
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 E o regresso. E Obrigado Rui pela ajuda.


 
Foi muito bom. Foi do